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17/08/2024 às 19h32min - Atualizada em 17/08/2024 às 19h32min

Em meio a série de calotes, Suzano teve sobra bilionária em Ribas

Projeto consumiu R$ 2,4 bilhões abaixo do previso e R$ 5,47 bilhões continuam à disposição no banco. Enquanto isso, inúmeros prestadores de serviço apelaram à Justiça em busca de pagamento

Por: Neri Kaspary / Correio do Estado - Redação: JCA ANAURILÂNDIA
Fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo entrou em operação em 21 de julho e até o fim do ano deve produzir 900 mil toneldas de celulose / Foto: Divulgação
Ao mesmo tempo em que uma série de empresas e pessoas físicas estão sendo obrigadas a recorrer à Justiça em busca do pagamento de serviços que prestaram durante a construção da mega-fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo, a Suzano faz questão de informar que gastou menos que o previsto no projeto e que está com alguns bilhões ainda à disposição para serem usados caso seja  necessário. 

No balanço divulgado no dia 8 de agosto, a Suzano informou que  “tem um contrato de financiamento com a Finnvera (US$ 800 milhões) relacionado ao Projeto Cerrado, conforme Comunicado ao Mercado de 01/11/22, ainda não sacado, fortalecendo ainda mais sua condição de liquidez”.

Pela cotação do dólar deste sábado (17), de R$ 5,47, isso significa que a empresa tem mais de R$ 4,37 bilhões à disposição. Em boa parte das ações que tramitam na Justiça, além de acionarem as empresas contratadas pela Suzano, os credores também acionaram a própria fabricante de celulose. 

GASTO MENOR 

Outro indicativo de que existe dinheiro em caixa para saldar as dívidas destes credores é o trecho do balanço trimestral que informa que “a execução “dentro da cerca” (que corresponde aos investimentos industriais e de infraestrutura) ao final de junho atingiu R$ 14,1 bilhões (90%), enquanto o investimento de capital total desembolsado foi de R$ 19,8 bilhões, o que corresponde a 89% do orçamento (R$ 22,2 bilhões)”.

Quer dizer, foram gastos R$ 2,4 bilhões a menos que o previsto inicialmente no chamado Projeto Cerrado. Uma das explicações para esta sobra é o aumento na cotação do dólar, já que os empréstimos para construção da fábrica foram feitos na moeda norte-americana e boa parte dos pagamentos eram na moeda local. 

Depois das obras que se estenderam por cerca de dois anos e meio, a empresa entrou em operação em 21 de julho e a previsão é de que sejam produzidos 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. 

Ao longo dos primeiros nove meses, o Projeto Cerrado não está funcionando a pleno vapor. Ao final dos primeiros doze meses devem ser produzidos em dois milhões de toneldas, que estão sendo despachadas rumo ao Porto de Santos por via férrea. A empresa construiu um terminal às margens da Ferronorte, em Inocência, de onde faz os embarques até o litoral. 

ALTO PREÇO DA CELULOSE

E um terceiro indicativo de que existe dinheiro em caixa para cobrir o rombo de empresas que estão à espera de pagamento é a alta no preço da celulose no mercado mundial. No balanço trimestral publicado na semana passada, a empresa informa que o preço líquido em dólar aumento em 12% na comparação com os primeiros três meses do ano e  22% se comparado com o segundo trimestre do ano passado. 

O preço líquido médio em reais foi de R$ 3.629 a tonelada no segundo trimestre, 18% superior em relação aos primeiros três meses.  Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o aumento foi de 28%, principalmente por conta da alta do dólar. 

TAMANHO DO CALOTE

Na Justiça de Mato Grosso do Sul tramitam pelo menos 11 processo de cobrança, que somam R$ 2,32 milhões. Esse cálculo não leva em consideração processos que tramitam em outros estados, como Minas Gerais, onde está a sede empresa VBX Transportes, uma das parceiras da Suzano na construção do Projeto Cerrado

Em maio, um empresário de Minas vítima da VBX relatou que apenas ele tinha R$ 1,5 milhão para receber, além de ter amargado o prejuízo de ter uma de suas motoniveladoras furtada dentro do canteiro de obras da Suzano em Ribas do Rio Pardo em dezembro de 2023. Com esse valor, o calote atinge R$ 3,82 milhões.

Em ação que tramita na Justiça, a empresa GD - Fabricação e Montagem de Equipamentos Industriais Ltda., cobra pouco mais de R$ 7 milhões da Enesa, da Andritz Brasil, e da Suzano, por prestar serviços de pintura na fábrica que não teriam sido quitados. 

Ela exige reparação de R$ 1,357 milhão em danos materiais e R$ 400 mil em danos morais. Mas a maior fatia é relativa a lucros cessantes, da ordem de R$ 5,34 milhões. O valor total da ação é de R$ 7,09 milhões.

Apesar de o contrato ter sido celebrado entre a GD e a Enesa, os advogados da GD alegam que a Andritz e a Suzano têm responsabilidade solidária na demanda e por isso as duas também estão no polo passivo da ação.

A GD foi contratada em 24 de novembro de 2022 para executar o serviço de jato e pintura, inclusive com a mão de obra de pintores alpinistas. Esses profissionais eram necessários por causa das dimensões gigantescas da fábrica, que começou a ser edificada em 2021 e será a maior do mundo em circuito único de produção. 

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